Bob Dylan – Street Legal (1978)
Mais um texto do meu amigo Pinda, compilado diretamente de seu Twitter.
por Alexander Pindarov
Street Legal é um disco bastante controverso… Lembro da minha amada professora de Inglês na Cultura Inglesa me emprestar esse disco e eu ficar surpreso com os timbres esquisitos. Mas eu via nas letras do Dylan algo fresco, até profético (e eu tinha uns 12 anos)…
Bob Dylan é um puta contador de histórias, um cara que tem letras muito bonitas e é controverso por natureza! ‘Street Legal’ foi lançado antes do também famoso ‘Slow Train Coming’ (1979). Dylan converte-se ao Catolicismo e escreve letras muito profundas, apaixonado pela descoberta de uma nova realidade… Quando a gente se apaixona, queremos expressar tudo o que sentimos…
Só que Dylan chega às raias do fanatismo religioso, que o cega na hora das gravações; Tornou-se uma pessoa impaciente com a música, ao passo que contraditoriamente, algumas coisas na vida pessoal começam a acontecer…
Desiludido na vida amorosa, envolve-se com uma das vocalistas do coro, com a qual tem uma filha cuja existência ele escondeu a até recentemente…
Para fugir das pressões de ter que se trancar em NYC ou no Alabama pra gravar, constrói em sua casa em Malibu um estúdio de gravação, o Rundown. E ali tudo era festa, e podia se gravar qualquer coisa a qualquer hora, e até comemorar aniversários de seus amigos famosos, como Eric Clapton – tal gravação virou um bootleg famoso do Slowhand, que tem, além de Dylan, Van Morrison e Billy Preston tocando às 08 da manhã já que a farra começara na madrugada!
Até acho que Dylan tinha que sair em excursão, e tinha que gravar um disco que refletisse essa farra toda.
Continuando com Streel Legal, as gravações começaram num caos total, pois ele quis se auto-produzir e seu estado de loucura (álcool, drogas) era tanta que no meio do caos, Dylan gravou o disco ao vivo em 4 dias e suspeita-se que Clapton faça parte do line-up mas não tenha sido dado crédito ! Tenho na minha coleção um par de outtakes desse disco, no qual ouve-se claramente a guitarra do Clapton, em especial na música ‘Stop Now’
Após a gravação do disco Dylan sai em excursão (Rolling Thunder Revue), que de certa forma lhe foi favorável, mas deixou pra trás um disco mal costurado, soando uma merda…
Em 2000 este disco foi relançado, e por uma coincidência do destino, eu passeava por NYC onde, numa tarde de lançamento na Coconut Record Store,comprei uma cópia. Foi a oportunidade de voltar a um passado, onde haviam muitos sonhos, uma professora de Inglês que me fascinava e uma voz rascante, que eu pude reouvir. Dony de Vito foi o cara que fez uma nova mix, a partir dos 24 canais originais e trouxe um frescor pra esse disco angustiante, desesperado.
Pra encerrrar, a melhor música do disco e que faz parte da minha trilha sonora pessoal, que dedico à querida Marília Costa:
‘True Love Tends to Forget’
[…] This post was mentioned on Twitter by Alexander Pindarov, Marcelo Donati. Marcelo Donati said: Bob Dylan – Street Lady – texto do meu grande amigo@pinguman https://abrigonanet.wordpress.com/2010/11/18/bob-dylan-street-legal-1978/ […]
Cara, True Love Tends To Forget é maravilhosa. Mas é, na minha opinião, a 5ª melhor do disco. Señor, Where Are You Tonight?, No Time To Think e Changing Of The Guards são muito superiores liricamente. Especialmente Changing Of The Guards, que é, na minha opinião, a música de letra mais complexa do Dylan (competindo forte com Idiot Wind, Hurricane, Tangled Up In Blue e Desolation Row). Mas fora isso, maravilhosos comentários