Bom, não vai ser uma resenha curta, então, senta que lá vem história…
Pra quem imaginava que o show da turnê Chapter 9 iria ser sombrio, cinzento, com um Ed Motta misterioso, sisudo e introspectivo, a surpresa foi total: cenário colorido e alegre, Ed totalmente à vontade e incrivelmente engraçado, banda afinada e pesada, e repertório fantástico
Chegando na ante-sala do teatro do SESC Vila Mariana, ouvia-se Steely Dan nas caixinhas de som, e no som do PA no teatro também… prenúncio de coisa boa por vir…
Quase 500 lugares no teatro, show sold out (as 3 datas estavam esgotadas).
Ed Motta e banda começam sem perda de tempo com “Mágica de um Charlatão”, seguida pela ‘faixa de trabalho’ do Chapter 9, “You’re Supposed to…”. Ed lembrou de fazer a dancinha new wave no meio da música, mas ele iria fazê-la inteira no bis. Segue-se mais Chapter 9 com “Twisted Blue”, num arranjo muito similar à versão de estúdio, destacando o baixo distorcido de Robinho.
Já querendo incendiar logo o show, a banda manda “Fora da Lei”, com o Comprido fazendo solo de talk box. O show segue animado, com Ed relembrando todos os hits de sua carreira (muitas músicas foram editadas, ou arranjadas em medley para caberem no espaço do show). Teve espaço também para o novo disco Chapter 9 (das 10 músicas do CD, Ed cantou 7!).
Em meio ao show, com Ed já menos tenso, a platéia conheceu a veia stand up do músico, que levou o teatro ao riso total com suas histórias e esquetes improvisados. Uma hilária encenação de um paulista conversando com um carioca nos anos 80 foi entremeado de motes e trejeitos engraçadíssimos, e imitações incríveis (“tipo assim, tipo assim”, – “olá, povo”, – “oi, conhece Jesus? Que Jesus? Jesus and Mary Chain!”).
A banda, impecável, mostrou a nova faceta do trabalho de Ed, com Comprido e Paulinho Guitarra dividindo os solos e bases. Coube até um dueto, outrora feito pelos metais. Mas o show da noite foi mesmo (além do próprio Ed, animadíssimo e solto) do baterista Vitor Cabral, que parecia estar possuído em seus solos de bateria. Várias vezes a produção teve que ajustar os microfones, que saíam fora do lugar, devido à ‘violência’ do rapaz! O menino fazia a alegria do mestre Ed, que o assistia de camarote destruir a bateria (depois do show, Ed nos confessou vários elogios a Vitor, acrescentando que o batera é apaixonado por filosofia). O irmão, Leandro Cabral, também teve seu espaço para mostrar que manda muito nos teclados.
No fim do show, Ed arrematou: disse que havia tocado todos os hits, pra ninguém reclamar, e realmente ninguém estava pedindo-lhe nenhum sucesso, ou seja, agradou todo mundo, disse que só faltava alguém pedir pra ele cantar este sucesso: “…pois bem cheguei, quero ficar bem à vontade, na verdade, eu sou assim…”. Daí, ele dá aquele coice: – Ah, não, foi mal, essa não é minha, essa é do Tim…
No bis, coube mais um hit, “Baixo Rio”, cantado praticamente pelo público. “You’re Supposed to…” retorna com a dancinha retrô de Ed, citando a música ‘Heroes’ do David Bowie (que já foi oficialmente alçada a música incidental) e até ‘Cheia de Charme’ do Guilherme Arantes. Outra parte ‘stand up’ do show de Ed (ele foi elogiado até pelo Vinicius Vieira, aquele que interpreta os personagens Gluglu e Mano Quietinho, que também estava lá depois do show tietando Ed) foi quando ele quis tocar uma música improvisada na hora, e rearmonizou a musica, dando enfoque num acorde dissonante que ele inserira, e após alguém gritar pra ele qual acorde era, ele fica embananado, joga a bola pro Leandro Cabral, mas acaba matando: – Ah, é um acorde Si com tudo, Um Si X-tudo!
Enfim, mais de 2 horas de um show memorável e inesquecível, com um cenário bacana multicolorido cheio de cabos, cordas, conduítes e afins (cortesia da sua esposa Edna), som redondo (graças ao roadie Zé Ovo e a toda equipe técnica), banda ‘matando a pau’ e o Ed, mais solto e divertido do que nunca. Além da regência, afinação total, arranjos novos cheios de malandragem… e as histórias hilárias!
After show:
Bom, o Ed, depois de dar zilhões de autógrafos, e tirar fotos com todo mundo, ainda bateu papo com a gente, mesmo com o SESC já fechando… Contou do Vitor, contou da casa onde nascera, na Tijuca, e mais papo não houve porque tivemos que deixar o local, ainda tendo o prazer de dividir o elevador com Ed e equipe (ainda bem que tinha espaço na van, ops, quer dizer, no elevador!).
Set-list (acho não esqueci nenhuma)
1-Mágica de um Charlatão
2-You’re Supposed to…
3-Twisted Blue
4-Fora da Lei
5-Dez mais um amor
6-The Runaways (citou antes a música ‘Cachoeira’)
7-The Sky is Falling (este reggae ficou do além com Robinho e Vitor!)
8-Daqui pro Méier (aqui começa o medley)
9-Que Bom Voltar (só um trechinho)
10-Vendaval (mais uma do medley)
11-Um Dom para Salvador
12-Tommy Boy’s Big Mistake
13-Saint Christopher Last Stand
14-Body
15-Bem Longe
16-Dias de Paz
17-Falso Milagre do Amor
18-Tem Espaço na Van
19-Apresentação da Banda (?)
20-Manuel
21-Vamos Dançar
22-Ikarus on the Stairs (ligeiramente mais rápida)
23-Drive Me Crazy
Bis:
Patidid
Baixo Rio
You’re Supposed to…
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